Seminário Diálogos 2015 reúne mais de 50 profissionais de Gestão de Mudanças Organizacionais.
Cobertura: Lygia Maciel Fotos: Airton Lopes
“Quem trilha novos caminhos deve refazer-se durante a jornada”, este é o tema do Seminário Diálogos 2015 – Conduzindo Mudanças Organizacionais, que está acontecendo em São Paulo, nos dias 16 e 17 de setembro. Mais de 50 pessoas estiveram presentes no primeiro dia de evento, participando das palestras, dos paineis e também das oficinas. Saiba mais detalhes sobre a programação aqui.
3ª PNM-GMO: dados para a condução de mudanças
Na abertura, Lyrian Faria (foto), sócia-diretora da Dynamica Consultoria, divulgou informações inéditas da 3a Pesquisa Nacional sobre a Maturidade da Gestão de Mudanças Organizacionais. “Este estudo é importante porque reflete o olhar das pessoas envolvidas com a mudança nas organizações. Nesta edição da pesquisa percebemos que a mudança é conduzida pelo pessoal em cargo tático e estratégico. Também vemos que as empresas de médio porte estão avançando no uso da GMO”, declarou Lyrian.
Ainda sobre os dados levantados pela pesquisa, Lyrian comentou que os fatores críticos abordados continuam os mesmos dos anos anteriores, tais como liderança comprometida e comunicação eficaz. “Sem liderança não há transformação sustentável”, lembrou Lyrian (leia matéria especial sobre a pesquisa aqui).
O Processo de transformação: mudanças externas gerando mudanças internas
Em sua palestra, Marco A. Oliveira (foto), antropólogo especialista em educação corporativa, trouxe uma visão abrangente sobre a mudança ao apontar que a transformação interna ocorre quando há uma mudança externa. Segundo ele, “ocorrem fatos e os fatos geram em nós a necessidade de agir e produzir fatos”. As empresas que conseguem seguir a mudança do contexto externo (fatos que ocorrem na sociedade) e se reinventar trilham um caminho de sucesso. Com base nisso, deu exemplos de empresas com a Ultragaz, que teve início com a comercialização de botijões de gás quando foram suspensas as viagens de transporte de passageiros que o dirigível alemão Graff Zeppelin fazia da Europa para a América do Sul. Na ocasião, Ernesto Igel viu como oportunidade comercializar o gás propano, utilizado como combustível, que estava armazenado no Rio de Janeiro e em Recife.
“Quem não conseguir se adaptar para seguir o contexto externo, perde o foco”, comentou. Se uma empresa produz um fato novo, ela obriga seus departamentos a produzir um reequilíbrio (adaptação). Para Marco Antonio, isso requer duas atitudes: detectar o fato externo em tempo hábil e agir apropriadamente em relação ao fato externo.
A saúde está em suas mãos
“Stress é a base do burn out”, explica Ana Maria Rossi (foto), diretora da clínica de stress e biofeedback, em Porto Alegre, e presidente da ISMA (International Stress Management Association) no Brasil. Segundo ela, stress é a maneira como cada pessoa percebe a realidade. Recente pesquisa da ISMA-BR aponta que, no Brasil, 70% das pessoas que trabalham estão sob algum tipo de stress e 30% têm burn out.
É importante saber que o stress não é doença, mas um sinal de que algo precisa mudar. Quando sob stress, uma pessoa pode atingir o burn out. Três importantes sinais de burn out são: exaustão, ceticismo e ineficácia. Na União Europeia, o stress é avaliado em 20 bilhões de euros. Nos Estados Unidos, avaliado em 300 bilhões de dólares. No Brasil, é avaliado em 3.5% do PIB anual. Realmente, as consequências do stress são extremamente sérias e as organizações precisam estar atentas a isso (saiba mais sobre os palestrantes aqui).
Oficina para Mudanças
A ferramenta Lego Serious Play, desenvolvida pela Lego, foi a base de uma das Oficinas para Mudanças deste ano e aplicada pela equipe da consultoria Play in Company. Sala cheia e uma série de “líderes da mudança” brincaram com as mini-peças de lego a fim de identificar aspectos que devem ser considerados importantes numa situação de mudança.
Oficina Lego
Inicialmente os participantes trabalharam sozinhos na montagem das peças. Depois de cada um explicar sua situação, aconteceu a dinâmica em grupo, onde os profissionais montaram um modelo compartilhado do que deveria ser um processo de Gestão de Mudança Organizacional de sucesso. “Gostei bastante pelo fato de ser apresentado um recurso de maneira lúdica. Conseguimos atingir nosso objetivo em um tempo menor do que conseguiríamos normalmente numa situação diária de trabalho. Muito bom trazer o conceito lúdico para o ambiente corporativo”, afirmou Vinicius Agnelli, analista de processos da Multiplus Fidelidade. Saiba mais sobre a 2ª Oficina para Mudanças na cobertura do 2º dia do seminário aqui.
Mudanças com humor
Assim como nos outros anos do Seminário Diálogos, Sizenando, responsável pela área de comunicação da Dynamica Consultoria, desenhou durante as apresentações dos painéis e os debates. O objetivo era apresentar o assunto discutido sob a perspectiva do humor. Saiba mais sobre o trabalho deste artista, acessando a nota sobre os cartuns produzidos durante o evento e conheça os desenhos expostos. Acesse aqui.
Ferramentas que apoiam a Gestão de Mudanças Organizacionais
Lilian Ramos, sócia-diretora da Dynamica Consultoria, foi a mediadora do painel da tarde – “Convergência das Técnicas: o que nos une na busca das transformações necessárias”. O painel congregou Action Learning, Processos, Coaching, Gestão de Projetos e Design Thinking como técnicas que auxiliam os gestores da mudança.
Antes de passar a palavra aos palestrantes, Lilian Ramos apresenta as linhas principais do método da Dynamica Consultoria para lidar com a Gestão de Mudanças Organizacionais. “Aqui, convergência de técnicas é para a convergência de conhecimentos”, aponta Lilian. Ela sintetizou os pilares do método, destacando itens como comunicação, cadeia de patrocinadores, papel da liderança, prontidão para o processo de mudanças e atenção aos impactos organizacionais. Segundo ela, “toda mudança tem que ter uma estratégia clara de onde vai chegar e a gestão das pessoas acompanha seu crescimento dentro das equipes na empresa, sempre envolvendo a liderança”.
Da esquerda: Lilian Ramos, Helena Miyahara e Veridiana Rotondaro
“Você sabe o que é Action Learning”, perguntou Helena Mihoko Miyahara, da Wial. “É muito simples, porém não é simplório. É uma metodologia usada para a resolução de problemas complexos e aprendizagem. É compartilhamento de conhecimento”, explica Helena.
O Action Learning é uma ferramenta que deve ser utilizada levantando questões e reflexões com um grupo de pessoas. As etapas de uma reunião de Action Learning englobam a apresentação de um problema, a exploração e o entendimento do problema, uma busca pelo consenso e pela solução. No final, a reflexão da aprendizagem.
Veridiana Rotondaro, especialista em processos, tratou da aplicação de Gestão da Mudança em gestão de processos. “Estou disposta a mudar desde que não mexa em minha área”, ironizou Veridiana ao dar exemplo de como é difícil trazer a mudança para algumas organizações ou setores. Segundo ela, não se muda processos pela estratégia, “mas sim pela dor. O que tem que mudar é a maneira como a alta administração gere a empresa”, afirma. A gestão de processos trabalha com avaliação contínua, análise e melhoria de desempenho de processos que exercem impactos sobre clientes e acionistas. Por isso a importância de entender a necessidade da mudança e saber como aplicá-la.
Para a especialista em Design Thinking, Denise Eler (foto), a forma de resolver problemas com esta ferramenta é um pouco diferente da maioria. “Design Thinking é poderoso demais para ficar restrito ao design”, disse Denise. Ela contou um pouco da história do Design Thinking, Denise afirmando que a crise na Europa ajudou a alavancar este tema com o objetivo de buscar novos modelos mentais de inovação.
O desafio no Design Thinking é pensar diferente e trazer um diferencial competitivo. É juntar experiências de diferentes empresas e de mercados distintos. É sair de uma visão imediatista para entender os problemas.
Quanto à gestão de projetos, o especialista Fabiano Saninno (foto) participou do painel e trouxe a importância de se aplicar Gestão de Mudança. “Todos premiam o gerente pela implementação do projeto e não com o resultado do projeto. O ponto mais crítico é a mudança organizacional, com pedidos para que o sponsor do projeto tenha mais envolvimento”, explica Saninno.
Segundo ele, o gestor do projeto precisa alinhar e tratar o projeto como um todo, avaliando a situação inicial e desenhando como será a transição. Precisa entender a mudança que vai ocorrer. “É importante balancear os esforços que mudarão a organização e as pessoas, dando muita importância aos assuntos relacionados aos colaboradores que estão no foco da alta gestão. Precisa fazer um alinhamento das fases do projeto com etapas e ações de gestão de mudanças”, comenta o especialista.
Por último, foi apresentada a ferramenta de Coaching por Andressa Miiashiro (foto), especialista em formação de líderes. De acordo com ela, há um condicionamento nas instituições de não se incomodar com o comportamental dos colaboradores. “O processo de Coaching de um líder tem um objetivo específico. É um processo para diagnosticar a demanda. Tem começo, meio e fim. Quem busca o processo de Coaching é porque deseja ir além”, comenta Andressa.
Independente da demanda, o processo de Coaching complementa o profissional, pois estimula o coachee (pessoa em processo de Coaching) na busca por respostas ao focar no processo de aprendizado.
Após realizarem apresentação sobre cada uma das ferramentas, os palestrantes circularam pelo salão conversando com os participantes em grupos, para levantar questões e solucionar dúvidas. “Essa interação é muito importante. Percebo que as pessoas estão abertas ao tema e não se sentiram ilhadas. É isso que queremos, a troca de conhecimento e lições aprendidas”, comenta Lyrian Faria sobre o evento.
O segundo e último dia do evento será tão interessante quanto o primeiro, abordando cases inéditos de aplicação de GMO e cases que já foram apresentados há dois anos, na 1ª edição do seminário, e que agora terão seu processo de aplicação reavaliados – mostrando a busca por mudanças que tenham sustentabilidade.
Acesse a cobertura do dia 17 aqui.
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